quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Você é uma pessoa "RESILIENTE"?

Empresas, escolas e imprensa falam em pessoas resilientes. São sujeitos capazes de vencer as dificuldades, os obstáculos, por mais fortes e traumáticos que sejam. A dificuldade é vista como o grão de areia que fere a ostra e depois vira pérola. O trauma pode vir por causa de um desemprego inesperado, a morte de um parente, a separação dos pais, a repetência na escola ou de até mesmo uma catástrofe como um tsunami.
Frederic Flach, foi o primeiro a estudar o assunto em 1966 no âmbito das ciências humanas. A flexibilidade e os vínculos relacionais foram seus primeiros objetos de estudos na pesquisa. Segundo Flach, em face da desintegração psíquico-emocional, uma pessoa necessita descobrir novas formas de lidar com a vida e dessa experiência reorganizar as coisas de maneira eficaz.

Para Richardson, quando olhamos para uma pessoa podemos verificar nela a presença de um padrão de comportamento de defesa, seguido de outros padrões de adaptação e, por fim, da presença de também padrões, por que se repetem de forma idêntica, resilientes.
Particularmente na educação é possível ter muito mais êxito, se na vida houver flexibilidade de se viver ricamente os vínculos e os afetos que nos rodeiam. A falta de flexibilidade em situações de traumas e sofrimentos é uma das dificuldades para harmonizar um projeto de vida.
No livro de Aldo Melilo e Elbio Nestor Suárez Ojeda, Descobrindo as próprias fortalezas os autores relatam que o conceito de resiliência passou de uma fase de “qualidades pessoais” para outra onde os pequenos ferimentos se tranformam em atributos da personalidade desenvolvidos no contexto psico-sócio-cultural em que as pessoas estão inseridas.
Desde os anos 80 a escola tem sido vista como um desses ambientes, por excelência, para desenvolvimento da resiliência como a pérola da ostra.


Fonte: George Souza Barbosa
Psicólogo e Educador



Referências Bibliográficas

  • Barbosa GS. A Dinâmica dos Grupos: num enfoque sistêmico. São Paulo: Robe; 1995.

  • Barbosa GS. “Questionário do índice de resiliência: Adultos - Reivich - Shatté / Barbosa” [tese]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 2006.

  • Flach F. Resiliência: a arte de ser flexível. Traduzido por Wladir D. São Paulo: Saraiva. 1991

  • Richardson GE. The metatheory of resilience and resiliency. J Clin Psychol. 2002;58(3):307-321.

  • Melilo A., Nestor E., Ojeda S. Resiliência: descobrindo as próprias fortalezas. Porto Alegre: Pioneira Editora. 2006.



segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Aprendizagem Colaborativa ou Cooperativa? Eis o desafio do professor.



Há controvérsias entre autores quanto ao uso dos termos na educação pós-moderna. CORD, 2000; HARASIM, 1995 e 2000; DILLENBOURG, 1995; LAROCQUE, 1997; PASS, 1999 e NITZKE et al. 1999, afirmam que há diferença conceitual entre os dois termos, colaboração e cooperação. No entanto, quase todos destacam que o processo de colaboração é mais complexo.

A aprendizagem cooperativa pode ser definida como qualquer atividade de grupo, condicionada a troca de informações e conhecimentos. Está organizada de maneira que haja distribuição de tarefas e respeito à hierarquia.

A aprendizagem colaborativa, por sua vez, pode ser definida como atividade desenvolvida em conjunto que leve a aquisição de conhecimentos e habilidades. A apreensão do conhecimento se dá quase que como um efeito colateral da resolução de problemas emergentes, mediada pela divulgação de novos conhecimentos que vão sendo incorporados aos já adquiridos.

O potencial da aprendizagem colaborativa está no desenvolvimento do pensamento crítico "por meio de discussão, de clareza das idéias, bem como a avaliação de outras idéias" (DILLENBOURG, 1999, p. 4). A aprendizagem colaborativa é, portanto, um processo de reaculturação que requer esforço associado e que ajuda os estudantes a se tornarem membros de comunidades de conhecimento cuja propriedade comum é diferente daquelas comunidades a que já pertencem.

Na colaboração todos trabalham em conjunto sem distinções hierárquicas em um esforço coordenado a fim de alcançarem o objetivo ao qual se propuseram. Na cooperação, a estrutura hierárquica prevalece e cada um dos membros da equipe é responsável por uma parte da tarefa.

“A colaboração difere da cooperação por não ser apenas um auxílio ao colega na realização de alguma tarefa ou a indicação de formas para acessar determinada informação. Ela pressupõe a realização de atividades de forma coletiva, ou seja, a tarefa de um complementa o trabalho de outros. Todos dependem de todos para a realização das atividades, e essa interdependência exige aprendizados complexos de interação permanente, respeito ao pensamento alheio, superação das diferenças e busca de resultados que possam beneficiar a todos” ( KENSKI, 2003, p. 112).

Porém, ambos os métodos admitem a influência fundamental de John Dewey, Lev Semenovich Vygosty, Jerome Seymour Bruner e Jean Piaget, principais pensadores da aprendizagem colaborativa. Afinal ainda não sucumbiu a crença de que “a educação deve ser vista como uma aventura social na qual todos os indivíduos têm a oportunidade de contribuir e para a qual todos sentem responsabilidade”. Educadores responsáveis sabem que o conhecimento a ser passado ao aluno flui melhor quando se dá na “zona de desenvolvimento proximal”, ou seja, na diferença entre o que o indivíduo consegue realizar sozinho e aquilo que, embora não consiga realizar sozinho, é capaz de aprender e fazer com a ajuda de uma pessoa mais experiente, mesmo que isto signifique trabalho para o mais experiente.

Rezemos para que todo bom professor (experiente ou novato), não deixe de aceitar os desafios desses métodos temendo que possam resultar em avaliação hostil dos estudantes, normalmente acostumados a aulas expositivas (verdadeiros monólogos docentes) ou de colegas professores pouco comprometidos com uma educação profunda, complexa e diferenciada.