sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A universidade é uma "roubada"?

Gilvan Rocha

A juventude tem sido vítima do capitalismo. Um contingente de jovens não tem outro destino se não as drogas, o crime, a prostituição. Outros têm a sorte de encontrar um emprego e vender sua força de trabalho a preço vil. Enquanto isso, a burguesia propala que a salvação está na universidade, pois ela se presta a qualificar a mão de obra para o mercado, mas a ela só tem acesso uma pequena minoria.
É verdade que ela produz técnicos e cientistas que a troco de salários prestam-se a servir ao sistema. Aqui, estão empenhados na descoberta de um remédio para uma doença crônica, ali, ergue obras de engenharias monumentais, adiante trabalha com habilidade para construir armas sofisticadas. Tudo sob o comando dos capitalistas a quem são totalmente subalternos. Ora, se o maior problema da humanidade é evitar a destruição da vida, a universidade está muito distante de fazê-lo, pois ela existe com dois objetivos: o primeiro, como vimos, criar técnicos e cientistas para seus feitos, e o segundo, garantir sustentação ideológica ao sistema. Nesse sentido a universidade é uma roubada e nunca uma saída para humanidade.
Isso não significa dizer que desaconselharíamos ninguém a buscar um lugar na academia, assim como não desaconselharíamos outros a venderem sua força de trabalho a alguma indústria. Quando discutimos a universidade e chegamos a acusá-la de verdadeira roubada, é porque ela se distancia do objetivo supremo da humanidade que é buscar a transformação econômica e social. Reconhecemos que, por contradição, ela possa oferecer alguns espaços para discussão que também deve ser feito nas fábricas. Devemos fazer empenho por mais universidades para a juventude ao mesmo tempo em que devemos evitar mitificá-la, permitir que ela seja o monstro sagrado que haverá de salvar o mundo. Pelo contrário, a universidade, junto com as Forças Armadas, as polícias, o aparelho judiciário, todo o corpo de Estado, são elementos de sustentação da ordem vigente.
 
O Povo, 05/02/2010 - Fortaleza CE publicado no Clipping Educacional de 05.02.2010