terça-feira, 17 de novembro de 2009

Resistência a mudança



Penso que, o principal fator impedindo o professor de alterar a atuação docente e a prática pedagógica em sala de aula, hoje, é a sobrecarga de trabalho a que se vê obrigado a submeter-se para garantir renda, mais ou menos confortável. Isso por que o status quo da profissão foi duramente abalado por falta de políticas públicas de valorização da categoria como formadora de sujeitos-cidadãos.
A partir da década de 1950 o profissional da educação do Brasil e do mundo vem sofrendo com a “proletarização do magistério”. Tornou-se gradativamente um mero “operário da escola”, capenga de formação adequada e sem reconhecimento como profissional multiplicador de saberes. As escolas transformaram-se em organizações de ensino padronizadas com metodologias de ensino aprendizagem que se apoiavam na psicologia behaviorista e no controle estatal. Nesse contexto, o trabalho docente passou a ser rigidamente planejado por um currículo fixo e organizado por técnicos governamentais. Tanto é assim, que o primeiro curso de formação de docentes surgido na França em 1774, recebeu o nome de Escola Normal, porque deveria servir de norma (modelo) para as demais unidades escolares destinadas a formar professores alfabetizadores.

Ao se espalharem pela Europa no decorrer do século XIX, tinham o objetivo de formar professores que iriam preencher os quadros das escolas, criadas pelos nascentes sistemas públicos de ensino, baseados na nova ordem da sociedade capitalista-industrial.

Nascia assim, a chamada escola tradicional, propalada como “um antídoto à ignorância, (...) um instrumento para equacionar o problema da marginalidade” (SAVIANI, 2005, p. 6), tal qual vimos na letra da música de Roger Waters do Pink Floyd, “Another brick in the wall”, de 1979.

Por causa de opressão histórica, falta até hoje ao professor, habilidade para manipular problemas e situações novas. Sua formação tecnicista não lhe permitiu desenvolver o hábito da pesquisa. Falta liberdade para definir a prática educacional mais apropriada, uma vez que se encontra preso aos chamados planos de ensino. Falta o amparo organizacional da exclusividade que regule o acesso e o exercício da profissão. Falta autonomia em relação à instituição escolar e ao Estado, que fixam o currículo e a forma como se dará o processo de ensino-aprendizagem, considerados verdades absolutas e intocáveis a serem reproduzidas sem questionamentos.

E, por último, falta poder e prestígio para ver recompensada, na forma de uma boa remuneração e de um plano de carreira justo, a importância do trabalho de um educador para qualquer nação, hoje, muito ao contrário do "We don't need no education..."

Um comentário:

Juliano Carvalho Bueno disse...

O texto é super interessante Miriam...Vou repassar para meus colegas também...Ok!!! Valeu pela força.