terça-feira, 14 de julho de 2009

A COMPLEXIDADE DO PENSAMENTO PÓS-MODERNO

Em meados do séc. XVII o paradigma cartesiano newtoniano predispunha cada especialista em sua área ou como no clichê, “cada macaco no seu galho”. No séc. XX surge o novo paradigma: “as pessoas não são substituíveis e o todo é mais do que apenas cada uma de suas partes”, numa clara alusão à necessidade de desenvolver a visão sistêmica ou holística. Afinal, a concepção passa a ser a de que “toda ciência será a ciência humana da natureza”. Esta proposta sugere a superação do paradigma mecanicista, reducionista, que trabalha com uma visão de conhecimento fragmentado e separado em partes, para um paradigma com ênfase no todo.
A análise, estabilidade e objetividade do método simplista da ciência tradicional para explicar os fenômenos do mundo dão lugar à complexidade da contextualização, a imprevisibilidade na instabilidade dos sistemas e a intersubjetividade das interpretações com foco nas relações e conexões eco-sistêmicas desse novo paradigma emergente. Com a Física do Devir e a incontrolabilidade do caos surgem múltiplas narrativas como interpretações possíveis nos espaços consensuais da co-construção da realidade. Os princípios da separação que divisava cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas fossem possíveis para melhor resolvê-las e da redução dos pensamentos por ordem, dos mais fáceis aos mais difíceis, para atingir, pouco a pouco, o conhecimento mais complexo no método cartesiano, desabaram. Deixaram de ser suficientes para explicar a problemática das relações, dos ecossistemas ou da educação, por exemplo.
Edgar Morin surge com a multi-pluralidade dos princípios ocultos que governam nossa visão de mundo, que controlam a lógica de nossos discursos, comandam nossa seleção de dados significativos e nossa recusa dos não significativos, sem que tenhamos consciência disso. Para Morin (1998), “é evidente que a reforma de pensamento não visa fazer com que anulemos nossas capacidades analíticas ou separatistas, mas a de nos associarmos a um pensamento que agrega”. Qualquer que seja a denominação desta proposta paradigmática apresenta-se com características de rede, de teia, de sistema integrado, de interconexão, de inter-relacionamento, de superação da visão fragmentada do universo e da busca da reaproximação das partes para reconstituir o todo nas mais variadas áreas do conhecimento. Duas ou mais áreas se integram para uma nova produção deste. Na educação, especificamente, as disciplinas são colocadas em diálogo entre si. É uma prática possível e um caminho metodológico de diálogo entre saberes que geram diversos efeitos sobre a aplicabilidade dos conhecimentos científicos e sobre uma possível integração de saberes não-científicos. Assim, de “relógios a nuvens” surge a mente policompetente: cientistas, estudiosos, professores... que romperam as barreiras da especialidade, uma vez que “nenhum problema é especial; é apenas complexo” (MORIN, 2005).

Nenhum comentário: